Depois da descoberta e da primeira consulta, percebi que existe um período de grande risco de aborto e por isso o aconselhável é comunicar apenas após as 12 semanas, os primeiros 3 meses.

No entanto a amigos e família, não conseguimos aguentar tanto tempo e contámos. Alguns aperceberam-se e enfim a partilha era inevitável.

Quando comunicar ao chefe?

Na maioria das vezes estou sozinha no escritório, logo não foi difícil esconder os sintomas da equipa e do meu chefe. E sempre camuflei alguns desconfortos, como se trata-se de um problema nas costas.

Durante os primeiros 3 meses pensei na melhor forma para contar ao meu chefe, pois pelas contas percebi que estaria ausente no período de maior afluência de casamentos. E as minhas tarefas são de alguma responsabilidade e confiança, apenas realizadas por mim.

E na verdade não queria dar apenas um “problema”, mas também uma solução, mas nada me ocorria. No entanto sei que ninguém é insubstituível.

Antes de expor nas redes sociais e também comunicar a equipa, conversei primeiramente com o meu chefe. Que de forma muito tranquila aceitou a notícia e que com o passar do tempo pensaríamos na melhor solução, sobre quem iria realizar as minhas tarefas.

 

Quando parar de trabalhar?

Era uma dúvida que pairava depois de ultrapassar a etapa de comunicar, no entanto em conversa com o meu médico, percebi que era uma verdadeira incógnita.

No meu ponto de vista iria conseguir manter-me até ao fim da gravidez, pois a minha gravidez tem sido tranquila, apesar de todas as dores das mudanças físicas. E no meu emprego estou praticamente sempre sentada. Mas fui surpreendida.

Pois é, nem tudo é linear na gravidez, ela varia de pessoa para pessoa e de um momento para o outro tudo pode mudar.

Não gosto de ficar parada e a ideia de deixar de trabalhar era um pouco assustadora, mas percebi muito bem o melhor momento de parar.

Porque mais que o físico (dormir mal à noite, sono fortíssimo, dores no corpo, etc)  o meu psicológico (stress do trabalho)  começava a ficar bastante desgastado e percebi que não adiantava esforçar, pois seria prejudicial não só para mim como também para o bebé. E também percebi a necessidade de “curtir” a minha gravidez, fazer compras, exercícios, repouso, tratamentos que me ajudem nesta fase e por aí.

Mas surge mais uma situação complexa, o momento de paragem da grávida é muito subjetivo. Como tenho uma gravidez que não é de risco felizmente, fica a mercê do médico dar ou não baixa-médica, a minha preocupação aumenta quando percebi que muitos médicos a negam e nesse caso é preciso recorrer à Junta médica.

Apesar de eu ficar prejudicada financeiramente, pois quando se trata de baixa-médica normal, apenas tenho direito a 60% do salário, caso fosse de risco teria direito a 100%.

 

Tinham conhecimento sobre a complexidade de parar de trabalhar? Contar ao chefe foi fácil?